Ao iniciar este artigo, quero recordar que a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 é um apelo à mudança de vida, um convite a crescermos sempre mais no caminho da Espiritualidade Franciscana, a serviço da vida, da Paz e do Bem. Esta partilha que ora trago é referente ao texto-base da CFE 2021 (parte introdutória – item 8), que fala: “A conversão ao diálogo e ao compromisso de amor: a conversão nos provoca a pensarmos e repensarmos cotidianamente nossa forma de estar no mundo. Ela nos pergunta sobre como nos envolvemos com as transformações sociais, econômicas, espirituais, ecológicas, individuais e coletivas, a fim de que sejamos cada vez mais coerentes com os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos”.
Quando nos perguntamos em comunidade e
buscamos respostas para estas perguntas em nossa prática pastoral na Missão que
assumimos, identificamos que temos algo muito concreto a compartilhar. Uma das
respostas é como se dá o nosso agir pastoral, a fim de atender as demandas da
realidade cotidiana do nosso povo e nos dispor a um processo permanente de
conversão, pois a realidade nos desafia e nos pede mudança, uma constante
mudança de vida, que se manifesta na atitude de preocupação e no cuidado com o
outro/a, independentemente de sua denominação religiosa.
É evidente que a dimensão do diálogo nunca
se tornou tão importante quanto está agora, frente à situação de isolamento
social, onde as pessoas nos procuram e têm necessidades de falar de suas
angústias e doenças. No contexto da pandemia, dada à realidade em que os laços
familiares e interação social ficaram restritos. Assim, entendemos que isso
fortaleceu a zona proximal das relações fraternas, através das conversas,
partilhas veiculadas através dos meios de comunicação social.
No campo espiritual, buscamos incentivar a
vivência na Fé cristã, a participação e o envolvimento com a comunidade local,
abertas ao diálogo ecumênico, onde a diversidade religiosa é muito comum entre
nossas famílias. Por exemplo: temos mães que acompanham seus filhos para
catequese, mesmo quando elas são de outra denominação religiosa, chegam a
dizer: “meu filho/a quer se batizar e ser católico e eu o apoio…” Esta
experiência nos enriquece no diálogo ecumênico e nos abre portas para
crescermos na fraternidade universal.
Outro aspecto que nos possibilita diálogo
e caminhada ecumênica é a experiência de trabalho e missão junto às
organizações públicas, não governamentais e movimentos sociais, onde estamos em
constante diálogo com diferentes expressões religiosas e jeitos de ser. Em
nossa missão, procuramos envolver as pessoas e ajudá-las a ver o/a outro/a como
filha/o amado/a de Deus, cuidando criativamente da Casa Comum, preservando e
promovendo a vida integralmente.
Esperamos que este tempo quaresmal e de
pandemia seja um tempo que nos ajude a testemunhar e anunciar com a própria
vida que Cristo é a nossa paz: adotando comportamentos de acolhida, de
diálogo, de não violência e antirracismo. Sendo aqui, nesta terra sagrada, um
testemunho de esperança para um mundo em luta.